sábado, 26 de fevereiro de 2011

COMA


Percorres o labirinto das incertezas, moldado na dor e sofrimento. Mundano caminho que tentas fazer para alcançar uma saída.
Essas portas que estão fechadas ou bloqueadas, foram empurradas pelas situações precárias que levaram-te ao fundo do poço do terror.
Caminhas sobre os cacos partidos do que foste outrora, amordaçada no silêncio de quereres gritar e não puderes. As tuas forças estão enfraquecidas, congelando a tua resistência e natureza feminina.
Tentas acertar nos trajectos de regresso, mas estão diferentes. O sangue que pinta as paredes, são os ecos dos teus gritos interiores.
Reparas num muro que projecta fragmentos das tuas recordações que mais humilharam e retirou de ti, a tua existência de pessoa, mulher e ser humano.
Reparas num desses fragmentos em que és um ser errante, sem alma, presa a uma corrente, rastejando para um precipicio. No fim desse caminho estão figuras fantasmagóricas, possuíndo mascáras das pessoas que mais magoaram na tua existência.
Mas enquanto vês todo esse horrivel passado…sentes as tuas pernas a gelar.
Rapidamente reaparas que é água que começou a inundar os corredores.
Sentes de vez enquando, flashes cerebrais, que se confudem com uma voz e palavras incompletas.
Sentes-te abater e começas a entregar-te ao que pensas ser a única forma de estar na vida… isolamento e provocar a dor e o fim da linha a ti mesma!
Mas será que os monstros que deixaram marcas bem profundas, merecem a tua rendição?
Teus olhos têm ainda um pequeno facho de luz…luz de esperança. Procuras uma resposta ao fim de cada corredor, aos por quês de tantos degraus de mágoas e maltratos!!!
Mas sem saberes como, dás conta que a água começa a ficar pausada e a não subir…as correntes a ceder nos teus tornozelos e… ouves uma voz a chamar pelo teu nome. Uma, outra e outra vez!
Ficas confusa, pois és atraida a uma parede. Com medo avanças a tua mão… e supreendemente atravessa-a!
Começas a sentir o teu corpo inerte e uma claridade nos teus olhos que encontram-se fechados.
Ouves de novo a mesma voz chamando por ti…num leve e agradavel agarrar na tua mão.
De novo a voz mexe contigo, sussurrando ao teu ouvido:
“- Não estás sozinha nessa luta interior meu amor…estou aqui a teu lado. Resiste e regressa. Estarei de braços abertos!”
Reconheces aquela voz e finalmente abres as pesadas palpebras.
O rosto do teu guia é inesquecivel. O teu guardião que limpou os cacos do teu passado e plantou as sementes, outrora arrancadas para que não fosses feliz, mulher e pessoa!
“- Sê bem-vinda do coma, meu amor!”
Sorriste e foste acariciada no rosto, pela mão do teu salvador!


COMA

8 comentários:

Anónimo disse...

Oh Meus Deus, li e tornei a ler.
Nem sei como expicar o que senti.
Está com um ambiente poderosamente profundo.
As minhas lágrimas são a prova do que senti por dentro, este magnifico "Coma".

Alda Tavares

Anónimo disse...

Anda fazendo zaping pelos blog's e, cai aqui de paraquedas.
gostei imenso, encheu-me de sentimentos e lagrimas nos olhos.
obrigado por uma historia tao humana e romantica.
ja escreveste alguma obra literaria?
Beijos da Maria Carmo

Anónimo disse...

Que wiiiiiiiiiiindo!!!!
Amei tanto, que linda história!!

Carmen Firmino

Anónimo disse...

Existe tantos tormentos, que invade a nossa mente. Um coma é algo que pode determinar o nosso futuro. A força de um sentimento, por vezes faz "milagres", tal como este teu "coma", é o reflexo disso mesmo. Não é apenas uma história, apenas a realidade de algo. Algo que pode ser presente, no coma de alguem.
Tens uma veia,que poucas pessoas têm, a da sensibilidade.

Filipe Bramm

LupusMalleficus disse...

Procurei por muito tempo por algo que pensava nao meis existir... enfim, novamente encontrei... Obrigado Lua... Obrigado Amigo Lobo... Nat, eu te Amo...

Diana Rosa disse...

Que lindo. :)

Anónimo disse...

Oh Deus, que lindo!
Vieram lágrimas aos olhos, mas também sou uma chorona. Comoveu-me a forma interior como vive o ser humano, perante tantas dificuldades e que a vida proporciona de forma negativa, ao lado da força do amor que consegue fortalecer elos, onde muitas vezes parece existir apenas becos sem saída.
Amei!
Luisa

Anónimo disse...

Encontraste-me finalmente. Estava à tua espera há tanto tempo!Voltei